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Budismo, meditação e cultura de paz | Lama Padma Samten

Desenho, arte, carma e coemergência

Trecho de um ensinamento de Lama Padma Samten durante um retiro em São Paulo (dezembro de2013). A transcrição foi feita por Daniel Gisé, que também fez a arte acima.
“Um exemplo de coemergência é o desenho. Tem esse livro maravilhoso traduzido para o português: Desenhando com o lado direito do cérebro. Fora essa coisa de lado direito e lado esquerdo que já não se fala muito, como se houvesse uma dimensão intuitiva e uma outra lógica (houve um tempo em que se raciocinava desse modo). A essência desse livro é o conhecimento é que brota pra autora: ela é uma desenhista talentosa desde criança e não entendia como os outros não conseguiam desenhar, ela desenhava fácil.
Ela começou a observar como é que funcionava a mente pra desenhar e aí ela descobriu coisas muito interessantes. Ela descobriu por exemplo que quando as pessoas olham pra um cubo desenhado elas desenham o cubo e não os traços do cubo. Quando elas têm um objeto que elas vão desenhar elas desenham o objeto e não os traços do objeto. Isso faz toda diferença. Quando nós vamos desenhar o objeto nós desenhamos o nosso mundo interno junto. Aí sai aquilo tudo meio torto, estranho. Mas quando a gente olha os traços a gente é capaz de reproduzir os traços. É uma questão de desenvolver o olhar. Mas o carma introduz o objeto no lugar dos traços. Isto é super profundo.
Quando vocês olham pra namorada por exemplo, é melhor olhar os traços. Pelo menos de vez em quando… Super difícil. Porque a gente olha com uma estrutura cármica — e o que ela vai produzir? Vai produzir energia, vai produzir tudo. Eu às vezes gosto de pensar como o Buda. Ele dizia “Vocês olhem para as mulheres e olhem para os homens, vocês veem: intestinos, bexiga, urina, fezes, vermes, dentes cariados. É isso. Agora olhe e veja: por que esse apego?”. Uma crueldade do Buda… Essencialmente ele tenta quebrar a visão que brota dentro de nós.
Às vezes eu gosto de pensar também: vocês olhem um gambá. É um bicho que tem um pouco de pelo e um pouco não tem. A gente acha aquilo um pouco estranho. Melhor se fosse um pelo todo direito. Mas nós somos um pouco parecidos com os gambás, um pouco de pelo e um pouco sem pelo. No entanto a gente acha ótimo. A gente tá achando muito bom, não tem nenhum problema. Mas é meio estranho que a gente tenha apego uns aos outros com essas aparências que a gente tem. Essa conexão que surge é uma conexão cármica, é evidente. Não é que tem alguma coisa especial, é uma conexão cármica.
Então a gente entende o que é nós olharmos pra uma imagem e não conseguirmos reproduzir a imagem porque a gente mistura aquilo com uma dimensão interna. Então tem o treinamento de desenho, como a gente pode dar exercícios, como podemos ajudar as pessoas a entender aquilo? Aí a gente começa a desenhar as proporçoes, os riscos, as cores, os traços, a gente desenha isso, aí a gente consegue desenhar. Quando a gente fica preso a imagem interna, que tem as emoções, o movimento todo a gente não consegue, não desenha direito. Isso diz respeito à vacuidade, à vacuidade das aparências. Quando a gente vê a gente está construindo essas imagens. Isto diz respeito à coemergência. A gente precisaria entender que não é uma construção lógica, através de um raciocínio. Não é uma conclusão com respeito ao que estamos vendo. É a própria experiência do ver que inclui esse aspecto de emoção, de movimento.”

Assista ao vídeo do ensinamento completo

O trecho transcrito começa em 1:06:30:

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